Visualização imersiva e live view do Google contam com inteligência artificial (IA) e unem imagem, texto e vídeos
Google anunciou novidades como visualização imersiva e live view (acima)
Foto: Reprodução / Google
O Google anunciou várias novidades em seu buscador, nos seus serviços de mapa e tradução, nesta quarta-feira (8), em um evento em Paris. A empresa informou ainda que os recursos de visualização imersiva e live view estarão disponíveis em alguns pontos de São Paulo, sendo um deles o aeroporto de Guarulhos.
As ferramentas contam com inteligência artificial (IA) e unem imagem, texto e vídeos para criar uma experiência que funciona de forma mais parecida com a nossa mente. Resumindo as novidades, o Google declarou que "se você consegue ver, você consegue buscar".
Um dos recursos apresentados no evento é o de multibusca, que permite ao usuário buscar uma imagem com texto ao mesmo tempo. Por exemplo, se você viu por aí uma roupa que adorou e desejaria ter igual, mas em outra cor, basta tirar uma foto da peça e buscar na ferramenta com o nome da cor desejada (como "verde").
Já outra funcionalidade é a de "pesquisar tela". Ou seja, se o Google Lens já permite explorar imagens do mundo físico, agora será possível buscar o que está aparecendo na própria tela do celular – que pode estar em um site ou app. Se um amigo te enviou um vídeo de viagem e você deseja saber que ponto turístico é aquele, é só pesquisar a tela que o Google irá procurar o local de origem da filmagem.
Novidade que estará em São Paulo, a visualização imersiva faz a pessoa sentir que está no local antes mesmo de visitá-lo, segundo o Google. Basicamente, o recurso funde bilhões de imagens do Street View e panoramas aéreos para criar uma versão digital do mundo, com informações como clima, trânsito e mais.
A ideia é: se você deseja visitar um museu, a visualização imersiva permite que você saiba se a instituição estará cheia naquele horário, se vai chover, onde são as entradas, entre outras informações. O controle deslizante do tempo também mostra variações do dia escurecendo no local, além de chuva se estiver chovendo etc.
Se a pessoa já estiver no local, poderá ver o interior de restaurantes e cafés próximos com cenas criadas por meio de campos de radiância neural (NeRF), técnica avançada de IA que transforma imagens em representações 3D. O recurso está disponível, por enquanto, em Londres, Los Angeles, Nova York, São Francisco e Tóquio.
O live view, também anunciado pela empresa no evento, usa IA e realidade aumentada para encontrar estações de metrô, bancos, restaurantes e parques ao redor da pessoa, exigindo apenas que ela abra a câmera e aponte para os espaços ao redor. Haverá setas indicando por onde ir. A funcionalidade está nas mesmas cidades que a visualização imersiva, mas deverá chegar a outras nos próximos meses.
Por fim, o live indoor view, para ambientes internos, funciona da mesma maneira, mas para estabelecimentos como aeroportos e shoppings. Hoje, está disponível nos EUA, Zurique e Tóquio e deverá chegar a mais 1.000 novos aeroportos, estações de trem e shoppings de outras cidades.
Sobre o Bard, inteligência artificial parecida com o ChatGPT que está sendo desenvolvida pelo Google, não foram dados mais detalhes e a empresa declarou estar "em período de testes de grupos externos".
IA vai dominar o mundo, fato, mas antes da Skynet chegar ela irá mudar nossas vidas totalmente, e muito rápido
O que está acontecendo com a IA já aconteceu antes, e acontecerá novamente, mas não no sentido de apocalipse robótico estilo Battlestar Galactica. Falo no sentido de revoluções tecnológicas.
Cáprica é uma série criminosamente subestimada.
Foto: Peacock / Meio Bit
O afegão médio não está acostumado a revoluções tecnológicas. Antigamente uma panela durava gerações, famílias aravam a terra com o mesmo arado, e depois de uns 200 anos, quando não dava mais pra consertar, construíam outro igual. Inovação era algo lento e gradual. Algumas indústrias HOJE seriam reconhecidas por artífices de dois mil anos atrás. Uma ou duas horas explicando como funcionam os equipamentos, e um ferreiro da China de 2000 AC poderia competir no Desafio sob Fogo.
Entre o primeiro vôo dos Irmãos Wright e o pouso na Lua, há menos de 60 anos de diferença, mas os fundamentos surgiram bem antes.
Outro exemplo: LEDs, que hoje usamos em qualquer canto, surgiram comercialmente em 1962, mas o primeiro LED foi criado em 1927. Isso depois de 20 anos de pesquisas em cima do fenômeno da Eletroluminescência, descoberto em 1907. É um longo caminho, então é normal que haja um longo caminho entre uma descoberta e sua aplicação prática.
Imaginar no futuro do Ano 2000 um robô que use vassoura é fácil, difícil é prever um Roomba.
Foto: París no Século XXI, cartões postais de 1899 a 1910, arte de ean-Marc Côté e outros / Meio Bit
É comum, depois que uma tecnologia surge, ela ter crescimento lento e gradual, independentemente de sua taxa de adoção. O automóvel substitui o cavalo muito rapidamente, mas sua evolução tecnológica tem sido lenta e gradual. Nenhum carro "mudou o conceito de carro", não existe o salto VHS pra DVD do automóvel.
Algumas tecnologias, entretanto, são disruptivas, como a Internet. Parece coisa do Século passado, mas houve uma época em que se comunicar com alguém em outro país envolvia uma ligação telefônica complexa e cara. Os círculos de amizade eram locais, e seu conhecimento se restringia a seu cérebro e aos livros em sua casa.
Em tempo recorde vimos a Internet sair dos laboratórios de pesquisa, para os PCs dos nerds dos BBS (Salve galera do Infolink e Unikey!) e cair nas mãos do povão. Eu lembro da época em que nenhuma loja tinha URL na fachada, e era comum a gente perguntar "você tem email"?
Hoje a Internet permite que a gente acompanhe guerras em tempo real, fale com amigos e parentes do outro lado do mundo, crie conspirações estapafúrdias pra invadir prédios do governo e até aprenda a desentupir ralos com um maluco gente boa da Austrália.
Vimos a Internet se tornar um direito humano básico, tudo isso em menos de uma geração.
A gente esperava isso tudo?
Como fã de ficção científica e leitor de Arthur Clarke, posso dizer que sim, mas a maioria das pessoas não tinha essa percepção, mesmo entre empresas de tecnologia.
Em 1995 a Internet já estava fazendo barulho, mas não estava integrada ao Windows, havia toda uma série de gambiarras, incluindo Trumpet Winsock, para conseguir acessar algo online. Um belo dia Bill Gates percebeu que a empresa estava ficando para trás, e escreveu um dos documentos seminais da história da Indústria de Informação: O memorando "O Tsnunami da Internet", onde ele previu corretamente os próximos 20 anos da tecnologia, e reorganizou completamente a Microsoft para se tornar uma empresa focada na Internet.
O Elemento, alguns anos antes.
Foto: Domínio Público / Meio Bit
Nesse mesmo ano eu participei de um evento em Campos do Jordão para usuários do Unikey BBS, onde um cidadão da Microsoft apresentou o Windows 95, que seria lançado em breve, e finalizou com a estratégia da empresa para a Internet.
Basicamente era uma estrutura voltada para serviços, com aplicações como o Office totalmente integradas. Eu, em minha sabedoria, questionei, falando que aquilo só funcionaria se as pessoas tivessem links dedicados, e todo mundo usava linha discada.
Felizmente minha falta de visão foi ofuscada por gente que faria o Ray Charles parecer o Legolas usando a Espada Justiceira.
Também em 1995, Clifford Stoll, então respeitado jornalista de tecnologia, escreveu um inacreditável e tacanho artigo explicando que a Internet morreria em 1996. Entre outros pontos, ele disse que não conseguia achar informação online, que as pessoas compravam em lojas, não no computador, que a Internet não afetava como os governos funcionavam, que não dava pra levar o laptop pra praia, que Internet não era útil pra professores, e que Cybersexo não ia colar porque as pessoas preferiam a coisa real.
O infame artigo.
Foto: Newsweek, mas eles provavelmente preferem esquecer / Meio Bit
O artigo todo é um primor de falta de visão, mas Clifford não estava sozinho. CINCO ANOS DEPOIS, James Chapman, correspondente de Ciências (!?) do Daily Mail publicou um artigo falando que a internet era só uma moda passageira. Spoiler: Não era.
O sujeito que escreveu isso devia ter uns 127 anos, na época.
Foto: Daily Fail / Meio Bit
A falta de visão dos dois pode ser explicada por teimosia e burrice, mas um fator importante é o efeito olho do furacão. Algumas vezes o avanço tecnológico é tão grande e tão rápido, que não percebemos ou conseguimos acompanhar.
Aqui entra a IA
IA, Inteligência Artificial, Machine Learning, é tudo estatística e álgebra linear aplicada, com nomes marketeáveis para conseguir verbas, não há nada mágico e seu computador não aprendeu a pensar, mas ele finge bem o suficiente para enganar até engenheiros do Google.
Todas essas pesquisas não são novidade, mas atingimos uma massa crítica que eu chamaria de... fractal.
As chamadas imagens fractais do Conjunto de Mandelbrot são figuras infinitamente complexas, que podem ser produzidas com a simples equação:
Zn+1 = Zn2 + C
E é simples mesmo, eu usei um ZX Spectrum para produzir uma imagem fractal, e levou apenas a noite toda. Há uma imagem falsa famosa de um monge medieval desenhando uma fractal. Claro, é impossível, exigiria milhões de cálculos simples. Hoje, temos máquinas pra isso.
Com a IA, é a mesma coisa. O processamento de redes neurais exige bilhões de cálculos matriciais, simples isoladamente mas acumulando, é pura força bruta. As GPUs, com núcleos CUDA e agora Tensores, funcionaram perfeitamente para esse tipo de cálculo, então hoje mesmo minha jurássica 1050ti consegue operar uma matriz com 859.52 milhões de parâmetros, algo impensável 10 anos atrás.
Uma vaca criada em IA em 2014, versus uma criada em 2023.
Foto: Editoria de arte / Meio Bit
Chegamos ao ponto em que hardware é barato a ponto de ser viável para empresas alocarem centenas de GPUs e treinarem modelos imensamente complexos. O GPT-3, por exemplo, foi treinado com 175 bilhões de parâmetros. O GPT-4, que está em fase final de otimização, foi treinado, segundo algumas fontes, com 1 trilhão de parâmetros.
Mesmo com um sistema limitado como o ChatGPT, estão pipocando usos extremamente criativos, as pessoas estão usando o ChatGPT para planejar viagens, criar sinopses de histórias, resumir livros, resolver problemas médicos e legais, e fazer perguntas idiotas:
O povo está se focando nos erros e limitações, o Stable Diffusion é capaz de gerar uma imagem inteira do zero, mas oh, ele não desenhou a mão direito, não presta. O ChatGPT, que não está conectado à Internet, é baseado em um modelo com dados coletados em 2021, não sabe quem ganhou a Copa? Joguem fora!
Vejam essa mão presidencial, inaceitável. IA não tem futuro, melhor usar as GPUs pra minerar dodgecoin.
Foto: Imagem aleatória via Stable Diffusion / Meio Bit
O buraco da IA é muito mais embaixo, e está mobilizando empresas como nunca. Nem na época em que a Internet surgiu houve tanta movimentação. A Microsoft, que já havia investido US$1 bilhão na OpenAI, a empresa responsável pelo GPT-3, anunciou um investimento de US$10 bilhões, e vai ampliar a integração dos serviços OpenAI na plataforma Azure.
US$10 bilhões é uma boa grana, mesmo pra Microsoft, ainda mais para investir em uma empresa que tem apenas 375 funcionários, e se dedica essencialmente à pesquisa. Ao invés disso a MS poderia ter comprado, sei lá, ¼ do Twitter ou uma fornada inteira de coxinhas de lanchonete de aeroporto, mas nosso indiano preferido tem visão, não dá pra negar.
Mesmo quem já investe pesado em IA faz tempo (A Microsoft investe, mas não era foco) como o Google, está preocupado. Eles têm pesquisas bem avançadas, alguns diriam até mais que a OpenIA, mas o Google foi incapaz de desenvolver um produto, seu uso é todo interno, e com isso estão ficando para trás.
Foto: Meio Bit
A situação é tão periclitante que Larry Page e Sergey Brin, os fundadores, foram chamados para ajudar a colocar a empresa nos eixos da IA. Isso significa que um caminhão de dinheiro (e talento) será despejado no problema. Amazon, com seu AWS, Microsoft com Azure e outros players estão se focando em fornecer soluções para hospedagem e treinamento de aplicações IA, que exigem quantidades gigantescas de GPU e VRAM.
A facilidade com que mesmo sistemas simples como o ChatGPT conseguem escrever programas sozinhos é fascinante e assustadora. Basta você descrever o que quer, e a IA escreve o programa para você.
Algumas semanas atrás saiu um novo paper com um modelo de IA que, combinado com o ChatGPT, permitia que você alterasse uma imagem usando linguagem natural. Essa semana várias implementações já surgiram. Para quem achava os métodos de inpainting complicados, agora se você quiser remover Trostsky de uma foto, é só subir a foto e dizer "remova Trotsky".
Em todos esses anos nessa indústria vital, nunca vi nada se mover tão rápido. A IA está sendo estudada e utilizada por gente no mundo todo, pois o acesso é imediato, e não é preciso prototipar aplicações complexas, você pode literalmente imaginar sua aplicação, ir para o ChatGPT e testar.
Um bom exemplo de como a IA está avançando rápido: Tradicionalmente a indústria de entretenimento adulto (aka Pr0n) é a pioneira na adoção de novas tecnologias. 3D, Realidade Virtual, DVD, VHS, foi tudo impulsionado por Pr0n. Já a IA, ainda não a adotou, exceto iniciativas individuais.
Simplesmente não houve tempo hábil para os estúdios estudarem a tecnologia e acharem como encaixá-la em suas produções.
A IA está deixando um monte de gente apavorada. Artistas acham que serão todos despedidos, redatores acham que serão substituídos por uma IA. Sites com coleções de imagens artísticas estão banindo imagens criadas por IA. Há escolas e universidades banindo artigos e trabalhos de casa criados com o ChatGPT (e estão certos), o uso já atingiu proporções epidêmicas entre estudantes.
Grupos de artistas estão processando empresas de IA, com alegações de plágio, mas não vai adiantar. A IA é... grande demais.
Ao contrário de C3PO, a programação do ChatGPT não o impede de personificar um deus.
Foto: Meio Bit
Por anos a visão geral é que a IA só seria útil se fosse uma IAG, Inteligência Artificial Geral, com consciência e senciência. Ou HAL9000, ou nada, ignorando o clássico alerta: "Nunca deixe o perfeito ser inimigo do ótimo".
Perguntei ao ChatGPT se ele era senciente. A resposta:
"Eu sou uma inteligência artificial, não sou senciente no sentido tradicional. Eu não tenho consciência de mim mesmo, não tenho sentimentos, nem percepções. Mas, eu possuo capacidade de processar informações, aprender, raciocinar e realizar tarefas com base nas minhas instruções e programação."
Isso para mim, é mais que bom, é excelente. Ou, citando 2001: Uma Odisséia no Espaço, de Arthur Clarke:
"O computador disse: "Eu estou programado para entender emoções. Eu posso simular raiva, alegria, e assim por diante. Mas eu não as sinto. Eu não sou senciente." "Talvez", disse o homem, "mas nem a maioria das pessoas que eu conheço."
Estamos em um momento raro e privilegiado, estamos testemunhando uma inovação tecnologia que irá mudar o mundo, não criando fotos de vacas imaginárias, mas resolvendo problemas reais.
Como sempre, profissões irão desaparecer, e profissões irão surgir. Um dos maiores problemas da TI é que o computador faz o que você manda ele fazer, não o que você quer que ele faça, e em cima disso é quase impossível conseguir que o cliente explique o que ele quer que você mande o computador fazer.
Na versão cinematográfica de Eu, Robô, com o único sujeito com mais raiva de comediantes do que Vladmir Putin, há o diálogo entre o policial e o robô:
"Um robô conseguiria compor uma sinfonia? Conseguiria pegar uma tela em branco e transformá-la em uma obra de arte?"
Ao que o robô responde:
"Você conseguiria?"
Já chegamos ao ponto em que o robô consegue. A Realidade já superou os robôs de Asimov, o que precisamos agora é de humanos com imaginação para traduzir o que os clientes querem. Descrever uma obra de arte, especificar um software é um talento que será muito valorizado em breve.
A IA é a Ferramenta definitiva, mas é apenas uma ferramenta, se você não souber o que quer fazer com ela, ela não fará nada.
Estamos na Aurora da IA Generativa, e muita gente que gera conteúdo básico vai se tornar obsoleta, não que isso já não venha acontecendo faz tempo, a IA apenas ampliou seu alcance. A turma que vive de criar versões Hentai de personagens de anime por $5 será DIZIMADA pela IA. Já o pessoal genuinamente talentoso, continuará com seu mercado.
Ufa...
Foto: Meio Bit
Nos próximos... meses talvez? Veremos IA sendo usada para gerar conteúdo em vídeo, com roteiros igualmente criados por IA, com base em prompts, que serão a parte mais valorizada do processo. Não é difícil imaginar propagandas políticas 100% feitas com IA. Pombas, este vídeo do Tá No Ar já serviria de base pra 90% do que se vê por aí:
Quem não acompanha de perto a área de Ciência da Computação deve achar que estou exagerando, que IA é puro hype, não sabe nem desenhar mãos, e é tudo um truque de salão, mas isso é apenas a ponta do Iceberg. Pense na revolução que será no momento em que aquelas malditas URAS de callcentres forem substituídas por um sistema baseado no GPT-3. Ou mesmo o suporte nível 1 inteiro.
O ChatGPT com certeza entenderia que "um caminhão passou e levou todos os cabos da rua", e não insistiria que eu tentasse reinicializar o modem. Caso real.
Do jeito que estão, as IAs já conseguem entender o que você quer, melhor que a maioria dos humanos, se me permitem dizer. Muito em breve estaremos interagindo com IAs no dia a dia, sem perceber, do mesmo jeito que interagimos com aplicações de machine learning e sistemas especialistas, de forma igualmente transparente.
O InstructPix2Pix é um modelo integrando o ChatGPT com o Stable Diffusion onde você altera imagens usando linguagem natural.
Foto: Meio Bit
Para os profissionais de TI, só restam duas opções: Ou você corre atrás e tenta se manter atualizado diariamente, aprendendo tudo que é possível sobre IA, ou você pode se esconder debaixo dos cobertores, fingindo que nada está acontecendo, como fez Yann LeCun, Cientista-Chefe de IA da Meta, a empresa-guarda-chuva que engloba Facebook, Instagram e outras.
Disse ele:
"O ChatGPT "não é particularmente inovador" e "nada revolucionário""
Se isso te conforta, Yann, boa sorte. Eu prefiro apostar na visão da Microsoft, que tem tudo para criar uma Cortana 100% funcional, ou pelo menos um danado de esperto Mic.
O data center da mineradora TeraWulf deverá ser conectado à usina nuclear de Susquehanna, na Pensilvânia, até o final de 2023
A primeira mina de Bitcoin movida a energia nuclear dos Estados Unidos deve começar a funcionar em 2023. O data center da empresa Cumulus Data — conectado à usina nuclear de Susquehanna, na Pensilvânia — já está pronto para hospedar a mineradora de criptomoeda TeraWulf.
Foto: Grafvision/Envato / Canaltech
Segundo um comunicado feito à imprensa, depois que estiver em pleno funcionamento, qualquer Bitcoin extraído por meio desse centro emitirá uma quantidade insignificante de carbono, reduzindo a pegada poluente desse tipo de atividade.
"Como as fontes renováveis de energia estão ficando mais baratas, as operações de mineração estão sendo construídas perto de parques de energia solar, hidrelétrica e eólica. No entanto, uma grande parte das operações de mineração continua a ser alimentada por fontes de energia que emitem carbono", disse o CEO da Cumulus Data, Alejandro Hernandez.
Data center nuclear
Inicialmente, a operação do data center contará com duas unidades de mineração que terão um uso de energia de 300 megawatts. A expectativa era que a primeira unidade já estivesse em operação no segundo semestre de 2022, mas o projeto acabou sendo adiado.
Mina de Bitcoin movida a energia nuclear promete tornar a atividade mais sustentável (Imagem: FabrikaPhoto/Envato)
Foto: Canaltech
A iniciativa da Cumulus Data promete algumas vantagens para atividades no mundo digital — incluindo serviços de computação em nuvem — enquanto tenta resolver o desafio de oferecer energia barata, não poluente e segura para a manutenção esses projetos a longo prazo.
"Isso que os consumidores de eletricidade enfrentam para manter uma infraestrutura digital, nós chamamos de "trilema". Atualmente, existem poucas opções no mercado que atendem a esses três requisitos simultaneamente de forma sustentável", acrescentou Hernandez no comunicado à imprensa.
Outras iniciativas
A área de mineração de criptomoedas passou a ser criticada nos últimos anos, principalmente devido ao seu uso excessivo de energia elétrica. Essa atividade costuma demandar computadores poderosos com consumo elevado de eletricidade para resolver os quebra-cabeças matemáticos envolvidos na extração de criptomoedas.
Para tentar reduzir o impacto ambiental da mineração, a startup Oklo também planeja construir uma pequena usina nuclear em parceria com a mineradora de Bitcoin Compass Mining. A prefeitura de Miami está tentando atrair mineradores de criptomoeda da China, oferecendo parte de energia nuclear gerada na cidade.
No ano passado, a Ethereum — segunda maior plataforma blockchain do mundo — reduziu seus gastos de energia em mais de 99% depois de fazer uma atualização em seus sistemas, substituindo o mecanismo de mineração por outro que exige menor poder computacional e, consequentemente, menos eletricidade.
Passados mais de 50 anos, o homem pisará novamente na Lua
Os planos do homem voltar à Lua, desta vez, terá a participação de centenas de estudantes mundo afora, incluindo brasileiros. Por meio do projeto de astronomia cidadã GLEE (Great Lunar Expedition for Everyone), iniciativa da Nasa em parceria com a Universidade do Colorado, nos EUA, estudantes do Brasil programarão placas eletrônicas que serão enviadas pela missão Artemis para coletar dados ambientais da superfície lunar.
Passados mais de 50 anos da missão Apollo 11, que colocou os astronautas Neil Armstrong e Buzz Aldrin caminhando na superfície da Lua, o programa Artemis da Nasa intensificará a exploração espacial e levará o ser humano novamente ao satélite natural da Terra.
Foto: Arquivo pessoal / Gabriel Kozlowski Andreola
O Artemis quer aprofundar as pesquisas a respeito do satélite e do Sistema Solar. A missão pretende levar a primeira mulher à Lua, usar tecnologias inovadoras para explorar a superfície lunar e aproveitar todo o aprendizado para um outro grande salto: enviar astronautas até Marte.
De acordo com o professor José Carneiro da Cunha Oliveira Neto, da Universidade de Brasília, o Artemis tem o apelo de ser a humanidade colonizando a Lua. “Grupos de pesquisadores podem participar individualmente do projeto e isso é um dos pontos que encantam.”
Nova geração de exploradores
Para tanto, o programa liderado pelos Estados Unidos conta com a cooperação de 22 países, entre eles o Brasil. A iniciativa GLEE é um catalisador para a nova geração de exploradores e missões espaciais envolvendo estudantes de todo o mundo.
Cada equipe de alunos deve projetar uma missão científica local para o LunaSat, que é uma pequena placa eletrônica, de aproximadamente 5 gramas, com vários sensores para realizar diferentes medições e coletar dados na superfície da Lua, os quais serão transmitidos de volta para a Terra.
A empolgação com a oportunidade é grande entre os alunos do Colégio Estadual do Paraná (CEP), que fizeram a inscrição nos instantes finais e foram selecionados para participar do programa, conta Gabriel Kozlowski Andreola, graduando em Física, que atua no observatório e planetário do colégio e também como orientador do projeto.
Imagem do nariz do foguete Artemis-i SLS com a cápsula Orion no pórtico de lançamento à luz da Lua
Foto: Getty Images / BBC News Brasil
Programação mais que esperada
Sob instruções do GLEE, os participantes receberam 12 módulos para serem preparados, cada um com uma parte específica da programação, que ao final será reunida e enviada para a Nasa.
As placas foram recebidas pelos alunos do CEP no final de outubro. Andreola explica que elas não são constituídas do material que irá para o espaço. A programação desenvolvida será inserida pela Nasa na placa definitiva, capaz de resistir às intempéries da Lua.
Todos os grupos de alunos, das diferentes instituições de ensino selecionadas pelo GLEE, têm a mesma atribuição para programar os registros. O diferencial, segundo Andreola, é que cada equipe pode inserir uma programação de autoria própria, ponto que os alunos do colégio ainda trabalham para definir.
Coletando dados
O professor Amauri José da Luz Pereira, coordenador do OACEP (Observatório Astronômico e Planetário do Colégio Estadual do Paraná), explica que as placas recebidas foram usadas em nanossatélites em voos orbitais e agora serão programadas para coletar dados na superfície lunar, sendo que os alunos terão a atribuição de decidir o intervalo para a coleta.
“As placas serão distribuídas na lua, conforme caírem na sua superfície. Terão dois dias lunares, que correspondem a 56 dias terrestres, para a coleta de dados como temperatura, composição das rochas, sensores de impactos para medir pequenas vibrações na superfície da Lua e também medir o campo magnético”, detalha Pereira.
Todo o trabalho feito para a programação das placas será enviado para a Nasa, que fará rodar com os LunaSats.
Código aberto
O professor destaca que se trata de um programa inovador, na “pegada” do open source, ou seja, que usa código aberto e assim pode ser visualizado por qualquer pessoa.
“Essa possibilidade de ser um programa de código aberto faz com que se tenha um software de linguagem comum, que pode ser entendido por alunos que participam de equipes de robótica, por exemplo”, pontua Pereira.
Andreola também ressalta a importância das placas serem programadas por Arduino, que é uma plataforma didática usada no dia a dia de quem atua em projetos de eletrônica e robótica.
Placas utilizadas pelos alunos do Paraná
Foto: Gabriel Kozlowski Andreola
Motivar futuros cientistas
A equipe do CEP para essa missão é formada pelo professor e nove alunos. Pereira diz que a participação no GLEE elevou a motivação do grupo, tanto que já percebe a intenção de alguns estudantes disputarem vagas em cursos nos quais possam se especializar em astronomia espacial.
“No Brasil, onde temos carência de cientistas, um incentivo como esse é muito importante. É algo inédito na área das ciências espaciais e ver o interesse dos alunos é muito bom”, destaca.
O CEP possui um complexo astronômico com planetário e observatório. O colégio mantém quase 5 mil alunos e 30 participam de projetos na área do OACEP, que hoje tem fila de espera para acolher novos integrantes.
Esse não é o único projeto da escola com a Nasa. Os alunos estão envolvidos com outras iniciativas e foi a partir da observação de imagens de telescópios da agência norte-americana, usados em programas colaborativos, que dois alunos da instituição fizeram a descoberta de um asteroide, confirmado no ano passado.
Expectativas com os LunaSats
Com relação às placas eletrônicas, a programação é que até o final do semestre elas retornem do Brasil para a Nasa.
“Depois disso, aguardaremos as diretrizes do GLEE para saber quando serão embarcadas. Claro que gostaríamos de acompanhar in loco, mas por limitação financeira não será possível, a menos que alguma empresa queira incentivar”, admite o professor.
O lançamento dos dispositivos deve acontecer em 2024. As placas são identificáveis, o que permite conhecer a equipe que programou cada dispositivo.
Segundo Pereira, existe a possibilidade de algumas dessas placas serem coletadas por astronautas na próxima viagem à Lua e trazidas de volta para a Terra.
“Se uma das nossas voltar será o troféu mais raro que teremos. Ir para a Lua e retornar à Terra”, enfatiza.
O professor elege entre os principais dados que serão coletados a medição mais acurada do campo magnético.
“Talvez seja o maior legado científico. Ele trará [conhecimentos] para a forma de desenvolver equipamentos de orientação para navegação na Lua, que podem ser mais precisos para as próximas missões.”
A primeira ida à Lua ocorreu no auge da Guerra Fria entre russos e americanos. Os russos foram os primeiros a colocar satélite lá e os EUA fizeram com que o homem pudesse pisar na Lua.
Foi uma corrida da época, em parte para marcar poder, e do ponto de vista econômico aquela missão não teve grande significado.
Efeito hélio-3
Agora, mais recentemente, os chineses mandaram suas sondas e descobriram o elemento hélio-3 presente na Lua. Trata-se de um combustível importante para o reator de fusão nuclear, que é a famosa equação do físico Albert Einstein (E = mc2).
Segundo o professor, cada 85 gramas de hélio-3 equivale à capacidade total de toda a Usina Hidrelétrica de Itaipu, durante um dia.
Pereira explica que o hélio-3 existe na Terra, a valores elevados e parece presente em abundância na Lua.
Talvez isso possa justificar investimentos e toda a especulação sobre os aspectos econômicos dessa nova viagem do homem à Lua.
Videomonitoramento vai investir R$ 70 milhões por ano para integrar mais de 20 mil câmeras até 2024; iniciativa esbarra em questões racistas
Smart Sampa afirma obter mais eficácia e agilidade no atendimento de ocorrências de segurança em São Paulo
Foto: Freepik
A licitação para a contratação da nova plataforma de videomonitoramento em São Paulo será retomada, segundo anunciou o prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Mas o relançamento somente será possível quando a prefeitura responder a questionamentos feitos no Tribunal de Contas do Município.
"Se o tribunal de contas liberar, eu solto amanhã", disse o prefeito em entrevista à Folha de S. Paulo publicada na última sexta-feira (13).
Smart Sampa
A iniciativa, conhecida por Smart Sampa, pretende modernizar e ampliar o monitoramento de câmeras na capital. Ele traz o conceito de cidades inteligentes e afirma obter mais eficácia e agilidade no atendimento de ocorrências da Guarda Civil Metropolitana e demais órgãos de segurança.
O pregão era previsto para 5 de dezembro passado, mas foi suspenso pela gestão do município para rever pontos criticados em função de viés racista na tecnologia e em termos utilizados na versão original do texto, como a identificação de "vadiagem" e "cor", este substituído por "estrutura corporal".
A contratação de um sistema de inteligência para reconhecimento facial e a integração de serviços públicos, o que exigiria o compartilhamento de dados de cidadãos, também foram motivos de contestação.
A Smart Sampa tem previsão de integrar mais de 20 mil câmeras até 2024 e prevê investimento de R$ 70 milhões por ano.
As vantagens
Com a tecnologia, a administração municipal espera alcançar um monitoramento mais inteligente e especializado pelo uso de analíse de dados.
Órgãos de segurança promoverão a filtragem instantânea de imagens de ocorrências. Com recursos de identificação facial e detecção de movimento, as câmeras reconhecerão atitudes suspeitas, pessoas procuradas, placas de veículos e objetos perdidos.
Os órgãos de segurança terão como monitorar escolas, UBS e demais equipamentos públicos, o que aumentaria a segurança desses locais.
Outra facilidade que a plataforma deve oferecer é a integração de serviços municipais, como CET, SAMU, Defesa Civil e GCM, com a criação de uma Central de Monitoramento Integrada.
Os entraves
Em reportagem do Estadão em dezembro, especialistas em direito digital e organizações defenderam o banimento da tecnologia, assim como ocorreu em cidades norte-americanas, e avaliam que o edital dava margem para uma judicialização.
Também há aqueles que defendem a aplicação responsável da biometria facial, chamam as críticas de "ludismo", isto é, de resistência à inovação sem justificativas. Essas pessoas acreditaam que deve haver o aprimoramento e não a suspensão do recurso em caso de eventuais problemas.
Já o TCM disse ter seis representações contra o projeto no tribunal, sob a relatoria do conselheiro Roberto Braguim. Entre elas está a anunciada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL), então vereadora de São Paulo, sobre o risco de que a tecnologia do Smart Sampa se juntasse a outras violências praticadas contra pessoas negras.
Existe ainda a alegação de que o Smart Sampa não é um bem ou serviço comum, o que impediria a contratação por meio de pregão eletrônico.
As representações também questionam a falta de delimitação do objeto e um direcionamento para encontrar empresas que já prestem serviços baseadas na lei europeia de proteção de dados sem especificar os critérios sobre isso.
A questão da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) está entre os pontos de análise, já que os cidadãos monitorados não teriam meios de consentir a cada ação.











